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domingo, 3 de março de 2013

"SE SOUBÉSSEIS QUANTO VOS AMOS CHORARÍEIS DE ALEGRIA"



Via Sacra no Monte Krizevac30 anos de esperança e de paz
No passado dia 24 de Junho, perfizeram-se trinta anos da primeira aparição de Nossa Senhora aos videntes de Medjugorje. 


Frei João Sartori



No passado dia 24 de Junho, perfizeram-se trinta anos da primeira aparição de Nossa Senhora aos videntes de Medjugorje. Desde então, o “acontecimento Medjugorje” encheu as páginas dos jornais, aqueceu os ânimos, levantou suspeitas e desconfianças, mas, sobretudo, abriu para milhares e milhares de pessoas uma grande luz e esperança na vida. Deram-se conversões e milagres. Tudo, em nome da “Gospa Mira” (Rainha da Paz). O Mensageiro de Santo António tem a alegria de apresentar a reportagem de um colaborador, que participou recentemente numa peregrinação.



Via Sacra no Monte Krizevac
A esperança que ilumina os nossos passos

As peregrinações e os caminhos para os santuários da Terra Santa, das Basílicas Marianas ou de outras basílicas onde se conservam os túmulos dos Santos continuam a ter uma significativa actualidade. Sem dúvida, manifestam a necessidade de encontrar um caminho espiritual, inspirado numa procura interior e num chamamento de Deus. É possível constatar isso na história do povo de Israel e nos testemunhos de outras religiões.
Em muitos casos, a acção do “partir” é motivada por uma procura dos significados mais
profundos da vida. Isso pode comportar um afastamento temporário dos próprios familiares e amigos, mas o resultado é muito benéfico, pois leva a um fortalecimento espiritual e à renovação da vida. É esta a condição preliminar para viver profundamente esta experiência e alcançar a verdadeira liberdade interior. Somos peregrinos, não estamos condenados ao peso dos nossos compromissos e afãs quotidianos.

Passado e presente de Medjugorje

O cristianismo já estava implantado em Medjugorje durante a época romana, se bem que até à Idade Média não tivesse grande sucesso em toda a Bósnia Herzegovina. Foi com a
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vinda dos Franciscanos que a fé católica criou raízes, sobretudo entre os Croatas. Depois da conquista dos Turcos, a Bósnia foi islamizada, mas sobreviveram zonas de cristandade. Em Medjugorje, a maior parte da população é croata e de religião católica. No tempo do comunismo, a Jugoslávia sofreu uma grande prova que a forte religiosidade da gente conseguiu superar, apesar das centenas de vítimas entre os consagrados, os sacerdotes, irmãs e entre os fiéis leigos. Em 1993, uma sangrenta guerra entre Croatas e Sérvios tem ulteriormente martirizado esta terra. Agora há paz, se bem que ainda se vêem as consequências do recente conflito. O território de Medjugorje é de tipo pedregoso, mas fértil, e a população dedica-se sobretudo à agricultura, também por causa do clima mediterrânico.
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A primeira aparição de Nossa Senhora deu-se na colina Crnica, chamada “Podbrdo”, junto a Medjugorje, a 24 de Junho de 1981. Estavam presentes os jovens Ivanka
Ivankovic, Ivan Ivankovic, Ivan Dragicevic, Milka Pablovic, Mirjana Dragicevic e Vicka Ivankovic. Viram uma figura feminina que trazia nos braços uma criança; mas aterrorizados fugiram. No dia seguinte, Ivan Ivankovic e Milka Pavlovic não regressaram ao lugar e não tiveram mais visões, mas aos outros quatro uniram-se Jakov Colo e Marija Pavlovic. Os rapazes e raparigas tinham todos entre 10 e 17 anos. Nos dias seguintes, as aparições continuaram e a colina encheu-se de pessoas e de curiosos. O pároco Franciscano Jozo Zovko interrogou os rapazes sobre os factos. Inicialmente duvidoso, de seguida tornou-se o mais decidido defensor das visões, tendo ele mesmo, como tantos outros, assistido às aparições. Segue-se um longo período de perseguições, interrogações e ameaças por parte da polícia comunista. O Padre Jozo fica na prisão um ano e meio. Também o bispo de Mostar é contra as aparições.

Nos anos seguintes, foram feitos muitos estudos psicológicos e médicos sobre os videntes durante os êxtases, com a ajuda de instrumentos científicos, e criou-se uma ampla documentação técnica com resultados surpreendentes. Já passaram 29 anos e as aparições continuam. Durante todo este tempo os videntes permaneceram coerentes sobre o que disseram e tudo isso torna-os testemunhas de confiança e atendíveis. As aparições não estão ligadas a um lugar particular, mas aos mesmos videntes. Normalmente, aparece uma jovem mulher muito bela, de média estatura, com o cabelo preto e os olhos azuis. Às vezes, a mulher tem nos braços uma criança. A mulher reza e fala com os videntes, deixando mensagens ou descrevendo factos passados ou futuros. No dia 24 de Junho de 1981, os videntes eram crianças e jovens, o mais pequeno Jakov Colo tinha 10 anos, a mais velha Vicka Ivankovic tinha 17 anos. 


Agora são todos pais e mães de família e dividem o seu tempo entre a vida normal de 
trabalho e os compromissos com os peregrinos.   Muitos deles preparam congressos em Medjugorje e no estrangeiro para a difusão das mensagens marianas. No início, sofreram perseguições por parte do regime comunista e em seguida foram submetidos a todas as análises para verificar o estado de saúde mental e os parâmetros médicos durante os êxtases. Muitas outras pessoas têm tido claras visões, como a escrita “MIR”, que significa “paz”, em letras grandes sobre o monte Krizevac, ou a mesma imagem da Virgem, sempre sobre o monte Krizevac, perto da Cruz, ali instalada. Outros têm visto sinais no sol e outros milagres. Mas todas estas coisas não devem ser procuradas. O que conta é a conversão do próprio coração a Deus.

A Mensagem de Medjugorje

Trinta anos representam um período de aparições muito comprido. Mais do que
mensagens dever-se-ia falar de diálogo, ou melhor, de caminho espiritual. A Virgem chama a este período “tempo de graça” e fala de um “plano de salvação”. Tudo conduz a repor Deus em primeiro lugar e a ocupar-se mais da vida eterna do que desta vida terrena através de uma conversão contínua e radical a Deus. Descreverei aqui uma síntese dos temas principais:

- A paz. A Virgem aparece em Medjugorje como “Rainha da paz” (Gospa Mira) e o pedido da paz representa um tema prioritário das mensagens. Já nos primeiros dias repetia: “Paz! Paz! Reconciliai-vos, Reconciliai-vos! Reconciliai-vos com Deus.” (Mensagem de 26 de Junho de 1981). 

- A fé. Outro tema fundamental é a fé em Deus, como afirma São Pedro: “O objectivo da fé é a salvação das almas”. É a fé que pode “mover as montanhas”. Mas Jesus interpela: “Quando vier o Filho do Homem encontrará ainda a fé sobre esta terra?” 

- A conversão. Na mensagem de 25 de Abril de 1983, a Virgem pronunciou sete vezes a palavra “conversão”. Deus deve estar no centro da nossa existência. São Pedro pregava: “Convertei-vos, para que os vossos pecados sejam perdoados” (Act. 3, 19). A conversão é urgente!




- As cinco pedras. Outros temas recorrentes na mensagem tomaram o nome de “as cinco pedras”, fazendo referência ao episódio de David contra o filisteu Golias (símbolo da luta do homem contra Satanás):

     1. Rezar com o coração. A oração comum em Medjugorje é a dos “sete Pai Nossos, Ave Marias e Glória ao Pai”. As graças recebem-se sobretudo através da oração. É preciso transformar a oração de simples repetição de palavras para uma relação de comunhão com Deus.

     2. Eucaristia. “A Missa é a forma mais alta de oração”. A Virgem quer conduzir-nos a Jesus: “Ide à Missa e comungai” (Mensagem de 12 de Dezembro de 1981). Mas exorta-nos a fazê-lo com o coração, sem distracções e em graça de Deus. 

     3. A Bíblia. A Sagrada Escritura permite-nos conhecer melhor a Deus e o Seu amor para connosco. É isso que a Virgem nos quer deixar entender com a contínua exortação: “Convido-vos a ler todos os dias a Bíblia” (Mensagem de Outubro de 1984).

     4. O Jejum. Neste período difícil e votado ao consumismo, a penitência representa uma arma poderosa. “Satanás tenta impor-vos o seu poder. Não o permitais! Permanecei firmes na fé, jejuai e rezai” (Mensagem de 1981). A Virgem convida-nos também a um jejum da televisão, dos vícios e sobretudo do pecado, porque “só com a oração e o jejum as guerras podem parar” (Mensagem de 24 de Abril de 1992). 

     5. Confissão mensal. Já na terceira aparição, Nossa Senhora repetia: “Reconciliai-vos com Deus e entre vós! E, para fazer isso, é necessário rezar, jejuar e confessar-se.” (Mensagem de 26 de Junho de 1981). Medjugorje é hoje chamado o “confessionário do mundo”, por causa do elevado número de confissões que ali se realizam
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O que diz a Igreja

A posição oficial da Igreja em relação a Medjugorje assenta sobre a declaração da Conferência Episcopal da ex-Jugoslávia e confirmada, por várias vezes, pela Congregação Vaticana para a Doutrina da Fé. Resume-se em três pontos:
1º - Não é provado que os fenómenos sejam sobrenaturais; mas, também, não está excluído. A Igreja não nega essa possibilidade, mas deixa-a em aberto. A avaliação final da Igreja não foi ainda pronunciada, dado que as aparições continuam.
2º - Por conseguinte, não é permitido fazer peregrinações oficiais (por exemplo, diocesanas) a este local. 
3º - Uma vez que muitos fiéis se deslocam a este lugar, recomenda-se que os pastores assegurem um acompanhamento espiritual aos peregrinos. E é exactamente isso que se faz, há 30 anos.
Mediante estas três orientações, Medjugorje pode perfeitamente continuar o seu caminho, que é tão rico em graças para toda a Igreja. O que caracteriza particularmente este lugar de peregrinação são as confissões. Os próprios Padres e Religiosos que ali confessam ficam sensibilizados com esta experiência. Muitos redescobrem a importância do sacramento da Penitência. 
Muitas pessoas que vão a Medjugorje por mera curiosidade ficam depois seduzidas pelo ambiente de oração e de penitência que ali se respira. Nelas, então, brota o desejo de se reencontrarem a si próprias e de dar um novo sentido à sua vida.


A Experiência de uma Peregrina

“Chegámos, ó Mãe querida, de toda a parte da terra, levando…”. Assim começa um dos cânticos de Medjugorje, cantado em todas as línguas. Nossa Senhora, Notre Dame, la Madonna, Jasna Gora, Gospa Mira, etc… apareceu em muitos lugares, em diversas épocas da história, mas agora aparece em Medjugorje e a Ela podemos levar tudo. O que é que isto significa? As nossas alegrias e as nossas esperanças, os nossos projectos, as nossas doenças e angústias e, também, os nossos momentos mais tristes, donde, às vezes, pensamos não poder nunca mais sair, porque sem esperança!
Ela diz-nos: “Amo-vos muito! Se soubésseis quanto vos amo, choraríeis de alegria!” E se ela nos conforta deste modo, de que havemos de ter medo? Aprendamos, portanto, a entregar tudo nas suas mãos, porque nela podemos confiar cegamente.
No verão passado, conheci um jovem que desejava passar as suas férias em Ibiza, mas depois foi a Medjugorje por ocasião do festival da juventude, acompanhado por alguns amigos. Aí, seduzido pela alegria e pela serenidade que a Mãe derramou no seu coração, decidiu ficar e prestar serviço de voluntariado numa comunidade de assistência aos doentes, consciente de que nada poderia ser melhor, nem mesmo passar férias em Ibiza!

Em Medjugorje, existem várias realidades comunitárias de apoio ao povo. Entre as mais conhecidas, contam-se as do Cenáculo da Irmã Elvira, as Comunidades “Novos Horizontes”, o orfanato da Irmã Cornélia e uma, nascida agora, que visitámos e que me seduziu particularmente. É a comunidade “Alivio de Jahvé”, fundada por um jovem de Pádua, que decidiu deixar tudo para viver em Medjugorje e ajudar, com um projecto da Caritas Italiana, os refugiados da guerra que ainda vivem em barracas.
Muitas vezes pedem-me: “Tu que foste a Medjugorje, viste pessoalmente a Nossa Senhora?”
Esta pergunta faz-me sorrir. E a isso eu respondo: “Com certeza. Vi muitas! Nas lojas, de modo particular, há imagens de todos os tamanhos!

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Quero, portanto, dar este testemunho. Não vi nada de estranho em Medjugorje, todavia tive sempre a certeza de que Nossa Senhora estava presente. Em Medjugorje, Nossa Senhora está presente nas estradas, na Igreja, nos hotéis, sobre as montanhas… A Mãe está sempre junto de nós e consola-nos, alegra-se connosco e quando estamos tristes chora connosco e dá-nos toda a força e confiança para ir adiante.

Aconselho que, pelo menos uma vez na vida, todos possam fazer esta experiência de amor e de abandono confiante nos braços de Maria. Com a mente e com o coração ainda estou em Medjugorje para dizer a Maria mais uma vez: “Mãe, gosto de ti, entrego tudo nas tuas mãos! 

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